Cidade Zumbi
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Comunidade Brasileira de Fãs de Zumbis


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I: Floresta Nacional de Shoshone, Estados Unidos da América.

Era excêntrico. Na calada da noite, uma incomum brisa de verão estranhamente soprava em direção contrária à meu rosto. Meus cabelos revoltos balançavam tão quanto a corrente de ar, que sutilmente deslizava entre eles. Neste ponto, não importava-me quem eu era, tampouco meu nome, mas sim a razão cujo me levou a chegar onde estava. A presença da escuridão estagnava-me. O simples fato de estar sozinho, a solidão, lentamente assolava meu raciocínio e sanidade.
Minhas pernas ardiam, queimavam, a forte dor de cabeça era incômoda, e ainda sim, não ultrapassava a angústia do esquecimento, não era capaz de recordar absolutamente nada. Minha memória havia esvaído-se. Eu era um homem sem rumo; sem esperança; sem objetivo. Não me lembro ao certo, caminhei por horas, talvez dias, em direção ao desconhecido. Sentia meu corpo vagarosamente corrompendo-se, eu estava exausto, porém nada podia fazer se não continuar, indecisões preenchiam minha alma, meu destino incerto arrepiava os pelos em minha nuca. Confesso, procurei a morte, mas sem sucesso, não havia uma maneira. A escuridão parecia perseguir-me, as trevas eram infinitas, me dei conta que o que eu vivia não era real, não podia ser. As dúvidas eram tantas, eu estava confuso, precisava de respostas, e mais que isso, eu precisava da liberdade. A cada passada tornava-se ainda mais difícil prosseguir, andei tanto quanto pude, mas ainda sim, a mais tenebrosa da escuridão não esboçava nem se quer um leve vestígio de desistência. Me aventurei na densa neblina, mal pude pensar, se quer enxergar. Não podia mais continuar, simplesmente não podia. Tropecei bruscamente em meus próprios pés, caí sobre meus joelhos, uma ligeira gota de sangue escorreu ao longo de minha face. O tempo havia parado, meus sentidos aparentavam estar estimulados. O barulho do rio fluindo pelo percurso da correnteza, os grilos cricrilando, até mesmo pude notar as folhas das árvores suavemente tocando o chão. Era tudo tão intenso. Eu estava indo, ou pelos menos quisera eu. Inspirei profundamente, desabei, permanecendo imóvel. A frágil chama que aquecia o meu viver havia se apagado.

II: Sobrevoando algum lugar em Idaho, Estados Unidos da América.

2 semanas antes.
Minha mente se encontrava em um estado que variava entre a semi-consciência e a negligêncibilidade. Permaneci em silêncio, estendido, assimilando-me com o ambiente ao meu redor. Eu conseguia sentir certa dor em meu peito, camuflada com analgésicos, mas realmente não recordava como havia sido ferido. A medida que o tempo passava, minha mente ia clareando, e logo percebi o quão estúpido eu fui. Servi minha pátria durante três longos anos em uma cidade remota do Afeganistão, e apenas algumas semanas antes de ser reintegrado em outro batalhão, fui severamente abatido. No momento, a minha maior preocupação não eram os danos quais eu provavelmente havia sofrido, e sim se me recuperaria a tempo de assistir o principal esquadrão dentre os militares que atuavam na Líbia, em meio as crises e os conflitos, eu poderia contar que acabara de ficar para trás. Lamentação era tudo o que passava na minha cabeça.
Armação de metal sobre mim rangia agressivamente, tive a leve impressão que a mesma estava preste a se partir. O assovio do vento percorrendo dinamicamente o exterior era audível, assim como tempestade elétrica. Tratei de pôr-me em pé, e ainda com certa dificuldade, com meus olhos se acostumando com a luz ofuscado olhei pela pequena janela do que aparentava ser um Lockheed C-130 Hércules, e um brilho intenso cegou meus olhos momentaneamente, seguido por um poderoso estrondo, uma fração de segundo mais tarde. O impacto inicial foi tão forte, que me lançou contra as placas metálicas presentes no chão, minha cabeça ricocheteou contra as mesmas - com a visão já borrada e escurecida, lembro ter ouvido o alto soar de uma sirene, alertando-nos o perigo.

III:

Lentamente abri meus olhos, sentido-me extremamente fraco, após pôr-me sentado pude perceber que meu corpo se encontrava parcialmente ensanguentado, havia alguns cortes profundos que latejavam sobre minha pele. Quando me dei conta do que aconteceu, não consegui acreditar no ocorrido - tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe. Não havia me decidido se era o cara mais sortudo da face da terra, ou então o mais azarado. Não conseguindo me conter, soltei uma risada histeria - definitivamente estava fora de mim.
Tenho vagas recordações dos últimos momentos antes do que eu julgava ser um acidente. Ainda não conformado, decidi procurar por abrigo, já que não era seguro estar onde eu estava. Levei em conta que mesmo com a intensa chuva, ainda era possível haver combustão no avariado tanque de gasolina, dado por qualquer razão, desde um curto circuito, até mesmo com a mais remota das chances, um raio, e isso foi o bastante para me fazer prosseguir. Gritos de dor e delírio podiam ser ouvidos de qualquer lado.
Acordei na manhã seguinte no que parecia ser ser o leito de um rio. A dor de cabeça era incômoda, mas pelo menos o sangramento já havia parado. Com sorte alguém avistaria a trilha de sangue cujo eu deixara na noite anterior, mas ainda sim algum urso pardo na área poderia ser atraído e eu não teria forças suficiências para combate-lo. Como não estava muito longe do local onde o avião caiu, decidi retornar e procurar por outros sobreviventes. Eu me sentia em pleno cenário pós-guerra, e o cheiro dos corpos carbonizados só ajudava a fixar esta ideia - chegava a ser desconcertante. Caminhei cuidadosamente entre os destroços, quando superficialmente enxerguei a ponta de uma caixa alaranjada, no meio da infinidade de entulhos. Ao me aproximar, notei com precisão que o pacote laranja se tratava de um dos kits de primeiros socorros, que poderiam ser encontrados no Hércules - não medi esforços e desinfectei os ferimentos expostos, assim como ingeri algumas aspirinas.
Após a grande descoberta, continuei procurando entre os destroços por qualquer sinal de vida, equipando-me com tudo qu acreditava ser útil. Decidi voltar a margem do rio para montar acampamento, e como lá o terreno era mais plano, seria fácil sinalizar para possíveis tropas de resgate a minha localização - quando avançando pelo mato denso, um sombra passa correndo logo a minha frente, pude perceber mais sombras surgindo da escuridão à minha direção, quando uma subitamente me surpreendeu pelas costas.

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Muito bom, gostei! Haverá continuações?

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Muito boa história! Fiquei curioso para saber o que acontece depois do III. Comendo Pipoca 

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Galileu escreveu:
Muito bom, gostei! Haverá continuações?


Possivelmente. Estou trabalhando em outros projetos no momento.

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Boa história. Aguardo continuação.

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