Ouviu aqueles gemidos e levantou-se, em passos lentos caminhou até seu banheiro e rejeitou pensar nos gemidos. Despiu-se, urinou e resolveu tomar um banho. Abriu o registro. A água estava fria como sempre, gelada. O sabonete havia acabado e sua última barra estava sendo usada para lavar suas roupas, a dificuldade se viver naquele estado decadente era triste. Sem comida o suficiente para todos, apenas os fortes sobreviveram, canibalizando os seus companheiros pouco à pouco. Sobrevivendo à todo custo. Sem energia a carne apodrecia rápido, sujeitaram-se à modos não convencionais para manter a carne fresca e não matavam a vítima até que fosse necessário, por tanto, retirar pedaços de locais pouco vitais para a sobrevivência da vítima foi necessário. Quase sem água, foram sujeitados à retirar água de todos os locais possíveis, esgotos, rios poluídos, poças sujas no meio da estrada, até mesmo a própria urina. Sobreviver à todo custo.
Por um momento desligou-se da vida e apenas apreciou o seu corpo ser banhado pela água, adormecia aos poucos quando novamente ouviu os gemidos. Grunhidos que somavam-se agora à pancadas fortes contra as paredes do cômodo onde residia.
Ouviu novamente as batidas. Enxugou-se e vestiu-se, precisava estar limpo para ver sua amada novamente, já faziam dias que não falava com ela, deixou-a sozinha dentro daquele pequeno quarto, acorrentada e amordaçada. Por algum motivo parecia que agora ela estava solta...
- "Dessa vez vai ser difícil." - pensou.
Saiu do cômodo onde estava e passou por algumas pessoas com quem vivia, deu-lhes bom dia, apesar de que poucos responderam. Os passos largos e suaves, saiu de casa e foi até o quintal, entrou num pequeno galpão e fechou a porta. Estava escuro lá dentro. Um barulho de metal sendo arrastado em metal, era como se algo estivesse sendo afiado. Um barulho molhado e em seguida um baque surdo. Algo estava sendo arrastado, por fim, o barulho de algo se quebrando e de cortes. A porta do galpão abriu-se novamente e de lá saira o homem com um balde ensanguentado e cheio de membros decepados, mãos, braços inteiros, pés, olhos...
Caminhou pelo quintal de volta à casa, enxugou o suor que pingava de seu rosto e voltou a entrar em casa. Limpou os sapatos no tapete em frente à porta e entrou em casa. Subiu as escadas e caminhou em direção ao pequeno quarto de onde vinham os grunhidos. Checou se tudo estava pronto e tirou de seu bolso um canivete e um molho de chaves. Soltou o balde no chão com delicadeza e procurou pela chave certa para destrancar a porta. Achou a chave, destrancou a porta. O som da tranca sendo aberta atiçou mais os grunhidos e batidos que vinham do interior do quarto.
Ali dentro havia uma menina de provavelmente 10 anos de idade, acorrentada e amordaçada, esperneando e debatendo-se descontroladamente.
- Bom dia, meu amor. Como tem passado? - ele entrou, colocou o balde próximo da menina, pegou uma pequena banqueta e sentou-se próximo da criança. - Sei que passei muitos dias sem vir vê-la, mas, eu tive meus motivos. - ele esperou para ver a resposta da menina. Ela apenas grunhiu. - Vamos meu amor, eu sei que você pode me perdoar novamente, eu te trouxe um presente. Quer ver? - ele sorriu.
Pegou então o balde e aproximou mais ainda da menina, retirou-lhe a venda dos olhos e a mordaça, libertou seus braços das correntes e prendeu uma nova corrente no pescoço da menina.
- Você sabe que eu preciso tomar essas precauções, meu anjo. É para o seu próprio bem. Agora vamos, coma. Eu trouxe do que você mais gosta, olhos, braços e pernas.
A menina comeu avidamente, como um animal selvagem. Aquilo o assustava, mas com o tempo aprendeu a suportar aquela terrível imagem. Ficava feliz por ver sua menininha comendo, alimentando-se, parecia haver uma leve ponta de felicidade faiscando em seus olhos. Esperou até que a menina terminasse de devorar toda a carne que lhe foi trazida, ela desejava mais.
- "Não aguento mais essa vida, uma hora ou outra todos vamos morrer..." - pensou.
A menina olhava para o homem com o rosto ensanguentado, seus olhos anseavam por mais carne, mais comida.
- Eu não posso te trazer mais agora, meu amor... Agora venha, dê um abraço no papai.
O homem posicionou a criança e fez com que ela o abraçasse e apenas fechou os olhos. Sabia o que aconteceria dali em diante, mas, sabia que no fim ele terminaria feliz, morreria nos braços da sua filha, de sua pequena garotinha. A menina começara a desferir mordidas violentas no pescoço do pai, arrancando nacos de carne e engolindo-os quase sem mastigar. Lágrimas percorriam o rosto do homem, era a última vez que veria sua filha, o último abraço que lhe daria...
- Filha, papai te ama.
Última edição por Galileu em 17/8/2013, 17:02, editado 2 vez(es)
Por um momento desligou-se da vida e apenas apreciou o seu corpo ser banhado pela água, adormecia aos poucos quando novamente ouviu os gemidos. Grunhidos que somavam-se agora à pancadas fortes contra as paredes do cômodo onde residia.
Ouviu novamente as batidas. Enxugou-se e vestiu-se, precisava estar limpo para ver sua amada novamente, já faziam dias que não falava com ela, deixou-a sozinha dentro daquele pequeno quarto, acorrentada e amordaçada. Por algum motivo parecia que agora ela estava solta...
- "Dessa vez vai ser difícil." - pensou.
Saiu do cômodo onde estava e passou por algumas pessoas com quem vivia, deu-lhes bom dia, apesar de que poucos responderam. Os passos largos e suaves, saiu de casa e foi até o quintal, entrou num pequeno galpão e fechou a porta. Estava escuro lá dentro. Um barulho de metal sendo arrastado em metal, era como se algo estivesse sendo afiado. Um barulho molhado e em seguida um baque surdo. Algo estava sendo arrastado, por fim, o barulho de algo se quebrando e de cortes. A porta do galpão abriu-se novamente e de lá saira o homem com um balde ensanguentado e cheio de membros decepados, mãos, braços inteiros, pés, olhos...
Caminhou pelo quintal de volta à casa, enxugou o suor que pingava de seu rosto e voltou a entrar em casa. Limpou os sapatos no tapete em frente à porta e entrou em casa. Subiu as escadas e caminhou em direção ao pequeno quarto de onde vinham os grunhidos. Checou se tudo estava pronto e tirou de seu bolso um canivete e um molho de chaves. Soltou o balde no chão com delicadeza e procurou pela chave certa para destrancar a porta. Achou a chave, destrancou a porta. O som da tranca sendo aberta atiçou mais os grunhidos e batidos que vinham do interior do quarto.
Ali dentro havia uma menina de provavelmente 10 anos de idade, acorrentada e amordaçada, esperneando e debatendo-se descontroladamente.
- Bom dia, meu amor. Como tem passado? - ele entrou, colocou o balde próximo da menina, pegou uma pequena banqueta e sentou-se próximo da criança. - Sei que passei muitos dias sem vir vê-la, mas, eu tive meus motivos. - ele esperou para ver a resposta da menina. Ela apenas grunhiu. - Vamos meu amor, eu sei que você pode me perdoar novamente, eu te trouxe um presente. Quer ver? - ele sorriu.
Pegou então o balde e aproximou mais ainda da menina, retirou-lhe a venda dos olhos e a mordaça, libertou seus braços das correntes e prendeu uma nova corrente no pescoço da menina.
- Você sabe que eu preciso tomar essas precauções, meu anjo. É para o seu próprio bem. Agora vamos, coma. Eu trouxe do que você mais gosta, olhos, braços e pernas.
A menina comeu avidamente, como um animal selvagem. Aquilo o assustava, mas com o tempo aprendeu a suportar aquela terrível imagem. Ficava feliz por ver sua menininha comendo, alimentando-se, parecia haver uma leve ponta de felicidade faiscando em seus olhos. Esperou até que a menina terminasse de devorar toda a carne que lhe foi trazida, ela desejava mais.
- "Não aguento mais essa vida, uma hora ou outra todos vamos morrer..." - pensou.
A menina olhava para o homem com o rosto ensanguentado, seus olhos anseavam por mais carne, mais comida.
- Eu não posso te trazer mais agora, meu amor... Agora venha, dê um abraço no papai.
O homem posicionou a criança e fez com que ela o abraçasse e apenas fechou os olhos. Sabia o que aconteceria dali em diante, mas, sabia que no fim ele terminaria feliz, morreria nos braços da sua filha, de sua pequena garotinha. A menina começara a desferir mordidas violentas no pescoço do pai, arrancando nacos de carne e engolindo-os quase sem mastigar. Lágrimas percorriam o rosto do homem, era a última vez que veria sua filha, o último abraço que lhe daria...
- Filha, papai te ama.
Última edição por Galileu em 17/8/2013, 17:02, editado 2 vez(es)