![[Conto] O Início do Fim Empty](https://2img.net/i/empty.gif)
O inferno chegou na Terra a mais ou menos 5 anos, demorou 4 anos para a praga se instalar completamente pelo mundo todo, e no último ano, 2012, a praga começou a dizimar tudo que via pela frente. Eu sou um dos poucos sobreviventes que resiste a esses seres, pois grande parte da população de minha cidade foi absolutamente escravizada pelo poder infeliz do vírus, ah... O vírus...
Não sei ao certo quem o criou, se foram os humanos ou a natureza... Apenas me recordo de ouvir nos noticiários a notícia de que uma nova doença havia surgido. Tento com todas as forças que tenho me lembrar, sei que o nome está na ponta da minha língua... Ah! Raivolamina! Esse foi o nome dado a maldita doença que aterrorizou com grande rapidez a população. Agora que consigo me recordar do que realmente veio a criar essa doença.
A Raivolamina é a junção de dois nomes, raiva e escopolamina. Não sei como, mas sei que ocorreu. Juntas as duas criaram os seres que hoje perambulam por aí, comendo e eliminando, pouco à pouco a população de humanos.
Eu lembro da minha namorada... Ah, ela era tão linda... Cabelos castanhos, lisos e brilhantes, olhos castanhos escuros, ela sempre passava uma sombra em seus cílios para dar profundidade, sempre adorei aquilo. Sua pele era branca e lisa, mas agora... Agora ela está perambulando lá fora, atacando a quem puder, o que antes era a minha complicada e perfeitinha Laura, hoje é a sombra de um passado perfeito, tão perfeito quanto o Big Bang. Hoje ela não é mais branquinha como antes, agora sua pele está amarelada, cheia de marcas de sangue.
Eu não sei ao certo o que ainda faço escrevendo aqui, quando na verdade eu deveria estar estocando suprimentos para me ajudar a sobreviver, reforçando minhas trincheiras para evitar futuras invasões, amolando minhas armas para ganhar futuros confrontos... Mas não. Estou aqui, parado e sentado, escrevendo com o pouco de luz do sol que passa por frestas do teto quebrado por pássaros contaminados. Mas mesmo com tudo indo ruínas abaixo, eu ainda quero que um dia tudo volte ao normal, meu trabalho, meus amigos, minha família, minha namorada... Eu quero tudo isso de volta, mesmo com a reclamação que eu sofria por causa dos ciúmes da Laura, por causa das reclamações de eu não ter um trabalho digno de minha família, por eu não ser o que esperaram tanto de mim... Mas mesmo assim nunca levantei a mão nem a voz a ninguém. Quando a Laura vinha irada comigo, eu a abraçava e ela percebia que eu a amava, mas agora, se eu a abraçá-la irei ser mordido e provavelmente transformado... Mas quem sabe, esta não seja a solução para que eu me reúna com ela novamente.
Lá fora, o céu chora pelas perdas que nós, humanos tivemos. Sinto-me o único sobrevivente nesse grande planeta, literalmente sozinho. Nada conseguiu ser imune, nem mesmo os mais preparados, nem mesmo os animais de sangue frio, nem aves, nem animais marinhos, nada!
Eu lembro que 4 anos atrás eu trocava um pedaço de pão velho por um hambúrguer com queijo derretido, batatas fritas e um copo de coca cola. Não, não sou um gordo, pelo contrário, as garotas sempre me desejaram pelo meu físico, mas ela sempre reparou no que havia por trás da minha carapaça. Eu lembro que, a 4 anos atrás eu trocava uma partida de futebol para ficar em casa dormindo... Hoje eu daria todos os meus anos de vida por uma última partida de futebol, ao menos com meus amigos. Agora eu troco tudo que tenho por um pedaço velho de pão, pode até estar mofado... Dores não me faltam a muito, muito tempo. Por que as dores não me faltam? Estou com a perna quebrada nesse momento, mas mesmo assim nunca parei de andar e correr. Estou com cáries em um de meus dentes, os músculos de minha perna já se atrofiaram, é visível a diferença de uma para a outra. Eu sofri de uma pancada no olho direito a uns 10 anos, e por isso minha visão no olho direito é mais fraca que em comparação ao olho esquerdo, mas mesmo assim nunca perdi a visão nem perdi a força de vontade, pois sempre tive a Laura para me ajudar, para me consolar e me abraçar...
Eu ouço passos fora de meu abrigo, ouço também os ambulantes caçarem qualquer carne, mesmo que da própria "raça" deles para comer e saciar sua fome. Não sei, nunca virei um deles para saber, mas acho que quando eles colocam uma ínfima gota de sangue em suas línguas, eles sentem um prazer comparável, ou melhor que o de uma ejaculação, se preferir, uma gozada. Eu não sei ao certo mas depois que tudo começou minha audição até melhorou, mesmo não tendo os cuidados de limpeza de antes, meu cérebro aguçou todos os meus sentidos.
Ha, recordando agora me lembro do que o governo queria fazer... Principalmente a igreja, eles queriam transformar a arca de noé em realidade, algo absurdo... Fizeram todas as preparações, mas deu numa merda inimaginável e todos que decidiram se abrigar naquele inferno de madeira foram mortos, seja pelas forças da natureza ou pelos demônios. Eu lembro que eu e a Laura tentamos ir junto nessa arca, por sorte não conseguimos entrar. Nós nos abrigamos em diversos lugares, mas nosso destino final foi essa casa de primeiro andar feita toda de madeira. Nós nos dividimos para explorar e procurar coisas úteis para fortificar a casa, mas por azar dela o que ela encontrou foi um dos malditos, maldito este que mordeu-a no braço e logo ela transformou-se. Lembre-se: Ver sua namorada ser consumida por um vírus e se tornar um dos cambaleantes não é divertido nem bonito.
Acho que já passam das 16 horas pois o sol começou a se por. São nessas horas, a noite, que os contaminados resolvem sair de seus esconderijos, protegidos da luz, devido sua visão fraca, para caçar suas presas e saciar sua fome.
Eu vejo os raios de sol alaranjarem-se sob a fresta no teto, provavelmente pássaros infectados surgiram em breve.
Passou-se uma hora após minha última escrita, neste momento estou com um facão em minha mão esquerda, eu tive que matar alguns pássaros... E nem tente fazer o que fiz, é muito difícil matar um pássaro infectado pelo Raivolamina. Eu ouço depois de muito tempo o som de passos, podem ser duas coisas: Sobreviventes ou demônios. É mais provável que sejam os demônios, até porque sobreviventes é algo raro de se ver hoje em dia. Mas mesmo que sejam os tais andarilhos, eu quero que, se você estiver lendo e souber quem sou, souber quem é a garota que tanto amo e se tiverem inventado uma cura, a qual minha namorada tenha sido curada, por favor, mostre isto para ela.
Eles começaram a arranhar a porta de madeira, ouço com clareza a madeira ranger. Em breve eles irão invadir...
A porta está a ponto de cair, os parafusos que a mantinham pregada na parede todos já foram ao chão, apenas um está suportando, mas logo irá cair. Eu ouço o parafuso curvar-se, vejo a última brecha cair. Os olhos vermelhos deles e delas brilham ao ver o banquete que se aproxima... Eu não sei para quê irei lutar contra, minha vida já não é a que eu quero, não preciso disso...
A porta cede, vários monstros caem sob o chão enquanto os de trás passam por cima vindo em minha direção, eles tentam correr e caem no chão, mas não param. Bom, acho que você que está lendo merece saber qual é o meu nome, meu nome... Ah quanto tempo não me apresento, meu nome é Pedro. Pedro Tottino. Esta é minha história, minha vida resumida, meu fim... Este, é o início. Eu sou uma lenda, meus feitos ficaram para sempre, meu diário também, mas, mas... Este é o fim. Ou o início... O início do fim.
Última edição por Galileu em 28/7/2013, 12:59, editado 1 vez(es)
Não sei ao certo quem o criou, se foram os humanos ou a natureza... Apenas me recordo de ouvir nos noticiários a notícia de que uma nova doença havia surgido. Tento com todas as forças que tenho me lembrar, sei que o nome está na ponta da minha língua... Ah! Raivolamina! Esse foi o nome dado a maldita doença que aterrorizou com grande rapidez a população. Agora que consigo me recordar do que realmente veio a criar essa doença.
A Raivolamina é a junção de dois nomes, raiva e escopolamina. Não sei como, mas sei que ocorreu. Juntas as duas criaram os seres que hoje perambulam por aí, comendo e eliminando, pouco à pouco a população de humanos.
Eu lembro da minha namorada... Ah, ela era tão linda... Cabelos castanhos, lisos e brilhantes, olhos castanhos escuros, ela sempre passava uma sombra em seus cílios para dar profundidade, sempre adorei aquilo. Sua pele era branca e lisa, mas agora... Agora ela está perambulando lá fora, atacando a quem puder, o que antes era a minha complicada e perfeitinha Laura, hoje é a sombra de um passado perfeito, tão perfeito quanto o Big Bang. Hoje ela não é mais branquinha como antes, agora sua pele está amarelada, cheia de marcas de sangue.
Eu não sei ao certo o que ainda faço escrevendo aqui, quando na verdade eu deveria estar estocando suprimentos para me ajudar a sobreviver, reforçando minhas trincheiras para evitar futuras invasões, amolando minhas armas para ganhar futuros confrontos... Mas não. Estou aqui, parado e sentado, escrevendo com o pouco de luz do sol que passa por frestas do teto quebrado por pássaros contaminados. Mas mesmo com tudo indo ruínas abaixo, eu ainda quero que um dia tudo volte ao normal, meu trabalho, meus amigos, minha família, minha namorada... Eu quero tudo isso de volta, mesmo com a reclamação que eu sofria por causa dos ciúmes da Laura, por causa das reclamações de eu não ter um trabalho digno de minha família, por eu não ser o que esperaram tanto de mim... Mas mesmo assim nunca levantei a mão nem a voz a ninguém. Quando a Laura vinha irada comigo, eu a abraçava e ela percebia que eu a amava, mas agora, se eu a abraçá-la irei ser mordido e provavelmente transformado... Mas quem sabe, esta não seja a solução para que eu me reúna com ela novamente.
Lá fora, o céu chora pelas perdas que nós, humanos tivemos. Sinto-me o único sobrevivente nesse grande planeta, literalmente sozinho. Nada conseguiu ser imune, nem mesmo os mais preparados, nem mesmo os animais de sangue frio, nem aves, nem animais marinhos, nada!
Eu lembro que 4 anos atrás eu trocava um pedaço de pão velho por um hambúrguer com queijo derretido, batatas fritas e um copo de coca cola. Não, não sou um gordo, pelo contrário, as garotas sempre me desejaram pelo meu físico, mas ela sempre reparou no que havia por trás da minha carapaça. Eu lembro que, a 4 anos atrás eu trocava uma partida de futebol para ficar em casa dormindo... Hoje eu daria todos os meus anos de vida por uma última partida de futebol, ao menos com meus amigos. Agora eu troco tudo que tenho por um pedaço velho de pão, pode até estar mofado... Dores não me faltam a muito, muito tempo. Por que as dores não me faltam? Estou com a perna quebrada nesse momento, mas mesmo assim nunca parei de andar e correr. Estou com cáries em um de meus dentes, os músculos de minha perna já se atrofiaram, é visível a diferença de uma para a outra. Eu sofri de uma pancada no olho direito a uns 10 anos, e por isso minha visão no olho direito é mais fraca que em comparação ao olho esquerdo, mas mesmo assim nunca perdi a visão nem perdi a força de vontade, pois sempre tive a Laura para me ajudar, para me consolar e me abraçar...
Eu ouço passos fora de meu abrigo, ouço também os ambulantes caçarem qualquer carne, mesmo que da própria "raça" deles para comer e saciar sua fome. Não sei, nunca virei um deles para saber, mas acho que quando eles colocam uma ínfima gota de sangue em suas línguas, eles sentem um prazer comparável, ou melhor que o de uma ejaculação, se preferir, uma gozada. Eu não sei ao certo mas depois que tudo começou minha audição até melhorou, mesmo não tendo os cuidados de limpeza de antes, meu cérebro aguçou todos os meus sentidos.
Ha, recordando agora me lembro do que o governo queria fazer... Principalmente a igreja, eles queriam transformar a arca de noé em realidade, algo absurdo... Fizeram todas as preparações, mas deu numa merda inimaginável e todos que decidiram se abrigar naquele inferno de madeira foram mortos, seja pelas forças da natureza ou pelos demônios. Eu lembro que eu e a Laura tentamos ir junto nessa arca, por sorte não conseguimos entrar. Nós nos abrigamos em diversos lugares, mas nosso destino final foi essa casa de primeiro andar feita toda de madeira. Nós nos dividimos para explorar e procurar coisas úteis para fortificar a casa, mas por azar dela o que ela encontrou foi um dos malditos, maldito este que mordeu-a no braço e logo ela transformou-se. Lembre-se: Ver sua namorada ser consumida por um vírus e se tornar um dos cambaleantes não é divertido nem bonito.
Acho que já passam das 16 horas pois o sol começou a se por. São nessas horas, a noite, que os contaminados resolvem sair de seus esconderijos, protegidos da luz, devido sua visão fraca, para caçar suas presas e saciar sua fome.
Eu vejo os raios de sol alaranjarem-se sob a fresta no teto, provavelmente pássaros infectados surgiram em breve.
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Passou-se uma hora após minha última escrita, neste momento estou com um facão em minha mão esquerda, eu tive que matar alguns pássaros... E nem tente fazer o que fiz, é muito difícil matar um pássaro infectado pelo Raivolamina. Eu ouço depois de muito tempo o som de passos, podem ser duas coisas: Sobreviventes ou demônios. É mais provável que sejam os demônios, até porque sobreviventes é algo raro de se ver hoje em dia. Mas mesmo que sejam os tais andarilhos, eu quero que, se você estiver lendo e souber quem sou, souber quem é a garota que tanto amo e se tiverem inventado uma cura, a qual minha namorada tenha sido curada, por favor, mostre isto para ela.
Eles começaram a arranhar a porta de madeira, ouço com clareza a madeira ranger. Em breve eles irão invadir...
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A porta está a ponto de cair, os parafusos que a mantinham pregada na parede todos já foram ao chão, apenas um está suportando, mas logo irá cair. Eu ouço o parafuso curvar-se, vejo a última brecha cair. Os olhos vermelhos deles e delas brilham ao ver o banquete que se aproxima... Eu não sei para quê irei lutar contra, minha vida já não é a que eu quero, não preciso disso...
A porta cede, vários monstros caem sob o chão enquanto os de trás passam por cima vindo em minha direção, eles tentam correr e caem no chão, mas não param. Bom, acho que você que está lendo merece saber qual é o meu nome, meu nome... Ah quanto tempo não me apresento, meu nome é Pedro. Pedro Tottino. Esta é minha história, minha vida resumida, meu fim... Este, é o início. Eu sou uma lenda, meus feitos ficaram para sempre, meu diário também, mas, mas... Este é o fim. Ou o início... O início do fim.
Última edição por Galileu em 28/7/2013, 12:59, editado 1 vez(es)